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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Gazeta do Povo: Ingredientes populares.

Ingredientes populares contribuem para intoxicação alimentar


        Quem nunca teve dor de barriga depois de comer na rua? Estômago ruim ou comida estragada? Um estudo inédito do Ministério da Saúde aponta o ranking dos alimentos que mais provocaram doenças nos últimos oito anos. Todos são ingredientes de pratos bem populares. E a pesquisa mostra que, em muitos casos, a contaminação começa dentro de casa.
        No topo do ranking, os ovos crus ou mal cozidos, principalmente das maioneses caseiras. Tudo por causa de uma bactéria chamada salmonela. Depois, as comidas que misturam presunto, queijo e massas, como lasanha e o misto-quente, seguidas de carnes vermelhas mal passadas. Em quarto lugar, vêm sobremesas, como musses e pavês. E em quinta posição na lista da contaminação, está a água.
 
        Há pouco mais de dois anos, Bruna fez uma refeição com os pais em um hotel de luxo em Pernambuco e se sentiu mal. A mãe diz que foi tudo muito rápido. “Ela se alimentou normalmente, e sábado à noite apresentou-se indisposta. Começou apresentando vômitos e, no final da tarde, diarréia. Levamos até o hospital”, conta Valedereys Torres de Oliveira, mãe de Bruna. A menina morreu na madrugada seguinte.
        “Nunca passa pela cabeça da gente que isso possa levar à morte. Estamos acostumados a passar mal, ter uma diarréia, uma coisa assim, mas jamais que a pessoa morre em virtude disso”, lamenta a mãe. “A gente imagina que vai ser só mal-estar, que uma medicação resolve, mas jamais imagina que chegue ao óbito”, diz o pai de Bruna.
        Entre 1999 e 2007, o Ministério da Saúde registrou que 61 pessoas morreram e mais de 114 mil ficaram doentes por causa de alimentos contaminados. Este ano, em uma única semana, 115 pessoas foram parar no hospital no município de Içara, perto de Criciúma, em Santa Catarina.
        Os sintomas eram bem parecidos: forte dor de cabeça, diarréia e vômito. As causas da infecção alimentar começaram a ser esclarecidas quando descobriu-se que todas as pessoas que foram para aquele hospital comeram fora de casa no mesmo dia e na mesma lanchonete.

Contaminação em série
 
        Em Içara, Priscila, de 5 anos, passou por uma situação grave de intoxicação alimentar, “Ela estava tão caidinha. É uma criança que conversa bastante. Chegou no hospital, ela não falava mais. No primeiro dia, pedia pra médica pra ir embora. Quando foi no terceiro dia, ela não falava mais, já nem pedia pra ir embora. Mal se mexia”, lembra a costureira Ana Maria Luiz Inácio, mãe da menina, que também precisou de atendimento médico após ser contaminada pela salmonela.
        A fonte da contaminação estava dentro da cozinha da lanchonete da cidade. Um funcionário que tinha ido ao banheiro e não lavou as mãos direito passou a salmonela para o lanche.
        “Ele que montava os sanduíches, que manuseava todos os alimentos. Tinha contato direto com os alimentos do estabelecimento. Normalmente, a salmonela é transmitida pela falta de higiene na manipulação dos alimentos. Esse é um dos itens mais agravantes. Uma boa lavagem das mãos impede muitos riscos à saúde das pessoas”, diz Gilmar Ghislandi, fiscal sanitarista do município.
        A bactéria se espalhou rapidamente pelo município de Içara, depois que uma das pessoas contaminadas na lanchonete passou a salmonela para a família inteira. “Ela contraiu a bactéria através do consumo do lanche em casa. Acabou mexendo em utensílios, manipulando comida e passou para os demais que moram com ela”, diz Morgana Zock, diretora administrativa do hospital.

Perigo dentro de casa
        Mas o risco não está só na rua. A pesquisa do Ministério da Saúde revelou que a maior parte dos casos de contaminação dos alimentos acontece dentro de casa. “Nunca coma ovos crus ou semicrus porque a bactéria salmonela resiste à temperatura de cozimento quando a gema está mole”, alerta o “doutor Bactéria”.
        “Gemada, cerveja preta com ovos batidos, com paçoquinha para levantar a moral, não coma de jeito nenhum porque pode fazer muito mais mal do que bem para você”, diz ele. Outro alerta vai para o chamado grupo de risco nesse caso: crianças menores de 5 anos, idosos acima de 60 anos, mulheres grávidas e pessoas com problema de baixa imunidade. “Fuja da carne crua”, pede o “doutor Bactéria”.
        Segundo ele, a carne deve estar bem passada e ser armazenada sempre em temperaturas inferiores a 5º C. “Aí você vai ter muito mais saúde na sua vida”, recomenda.


 Na hora da alimentação todo cuidado e pouco, certo?


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