Terça-feira, 05/07/2011. Publicado em 07/07/2010 | Anna Simas Panorama
Diabete, uma nova epidemia
Com crescimento assustador na última década, a diabete deixou de ser tratada apenas como uma doença genética para se tornar uma das maiores preocupações de especialistas.
Hoje, cerca de 10 milhões de brasileiros têm diabete do tipo 2, causada por fatores comportamentais. O aumento da incidência é provocado pelo excesso de peso decorrente da má alimentação e do sedentarismo que atinge 23% dos brasileiros – índice alto se comparado a países desenvolvidos.
Entrevista
A epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Maria Inês Schmidt diz que o Brasil não está preparado para tratar a diabete como epidemia.
Por que a diabete do tipo 2 é considerada uma epidemia?
Ela se espalhou muito mais do que seria o esperado. Entre 20 e 10 anos atrás não existiam tantos casos. Por isso, concluímos que a principal causa não é a genética, porque se fosse não teria aumentado tanto em tão pouco tempo.
E por que houve aumento da diabete comum?
Além da má alimentação, podemos destacar a melhora no transporte público. Parece bobagem, mas as pessoas deixam de andar a pé ou de percorrer distâncias maiores e com isso fazem menos exercício. A obesidade aumenta e aparece a doença. É uma relação direta.
Sobre a dieta, quais os grandes vilões?
Não só o açúcar é perigoso. Alimentos processados, com menos fibras e mais carboidratos, como o pão e o arroz branco, e as gorduras, quando consumidas em excesso.
A prevenção e o tratamento no Brasil estão mais atrasados que nos países desenvolvidos?
Não temos políticas públicas eficientes. Tanto aqui como no restante da América Latina, a preocupação maior ainda é com as doenças infecciosas ou as materno-infantis, que são as associadas à falta de pré-natal e que se desenvolvem mais tarde. Não estamos preparados para tratar diabete como epidemia.
Maria Inês Schmidt, médica e epidemiologista
Por que a diabete do tipo 2 é considerada uma epidemia?
Ela se espalhou muito mais do que seria o esperado. Entre 20 e 10 anos atrás não existiam tantos casos. Por isso, concluímos que a principal causa não é a genética, porque se fosse não teria aumentado tanto em tão pouco tempo.
E por que houve aumento da diabete comum?
Além da má alimentação, podemos destacar a melhora no transporte público. Parece bobagem, mas as pessoas deixam de andar a pé ou de percorrer distâncias maiores e com isso fazem menos exercício. A obesidade aumenta e aparece a doença. É uma relação direta.
Sobre a dieta, quais os grandes vilões?
Não só o açúcar é perigoso. Alimentos processados, com menos fibras e mais carboidratos, como o pão e o arroz branco, e as gorduras, quando consumidas em excesso.
A prevenção e o tratamento no Brasil estão mais atrasados que nos países desenvolvidos?
Não temos políticas públicas eficientes. Tanto aqui como no restante da América Latina, a preocupação maior ainda é com as doenças infecciosas ou as materno-infantis, que são as associadas à falta de pré-natal e que se desenvolvem mais tarde. Não estamos preparados para tratar diabete como epidemia.
Maria Inês Schmidt, médica e epidemiologista
Segundo a médica e coordenadora nacional de Prevenção e Atenção Integral à Hipertensão e Diabetes do Ministério da Saúde, Rosa Maria Sampaio Vila Nova de Carvalho, o Brasil está envelhecendo e essa é uma das causas para o aumento da diabete. Outro motivo, de acordo com Rosa, é o acesso mais fácil a comidas industrializadas. “Se antes os estados do Sul e Sudeste tinham mais diabéticos, hoje Norte e Nordeste, com o aumento do poder aquisitivo, estão chegando perto.”
Custa menos comprar alimentos industrializados do que os in natura, mais saudáveis. O médico norte-americano e professor de Medicina Social na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Bruce Duncan, explica que isso contribui para que a diabete torne-se uma doença da pobreza e cresça assustadoramente em países como Índia, Argentina e Brasil. “Podemos dizer que é uma emergência de saúde pública. Na década de 1990 a doença era mais comum na Europa e Estados Unidos.”
A prevenção, que inclui exercícios físicos e mudanças na alimentação, não pode ser encarada apenas como uma atitude individual. “Precisamos de programas e ações coletivas, como a que foi anunciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária no fim de junho, que estabelece que os produtos com muito sódio, açúcar e baixo valor nutricional tragam essa informação explícita nas embalagens”, diz Duncan.
A diabete está associada diretamente com a hipertensão e, se não tratada adequadamente, causa cegueira, amputação dos membros inferiores, insuficiência renal e pode levar à morte. A prevenção chega a reduzir em mais de 90% os gastos públicos com o tratamento e o uso frequente de insulina, de acordo com pesquisas feitas pela Fundação Mundial de Diabete.
A repórter viajou a convite da Fundação Mundial de Diabete.
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